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《烟草店》(佩索阿代表作,独家录入)

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发表于 2006-5-25 18:40 | 只看该作者 回帖奖励 |倒序浏览 |阅读模式
今天时间充裕,又录入了一首代表作《烟草店》,也有浓郁的佩索阿风格!

《烟草店》


扬子 译


(本文由芦笛文学论坛独家录入,供芦笛文学论坛会员欣赏,请勿转载!谢谢!)


我是虚幻。
永远不会成为任何事物。
也不情愿成为任何事物。
靠这种与众不同,我已将世界的大梦聚在我身上。

我房间的窗户,
我,世间百万之众中的一个,谁也
不知道他是谁。
(如果他们知道他是谁,他们又会了解什么?)
你识破那不断地被人们践踏的大街的奥秘,
一条所有思想都无法进入的大街,
真实,又不可能真实,确定,又只是古怪地确定,
在石头和生活下边有着事物的神秘,
有着将墙壁浸湿和带给人白发的死亡,
有着驱使所有的车辆冲进虚无大道的命运。

今天,我,被击败,仿佛我曾经认识真理。
今天,我,变得澄澈,好像我曾经打算去死
我和事物再也没有干系
除了一份告别辞,这间屋,街道的这一侧变成了
长长的一列火车车厢,一声分别的汽笛拉响
使我大脑的深处
震惊不已,当列车开动,我的神经和骨骸被震碎。

我,今天,非常困惑,就像一个人思想过,寻找过,遗忘过,
今天,我被隔开,在我对大街那头
烟草店的忠诚(它是一个真实的外在的实体),
和对全由梦幻组成的感觉(它是一个真实的内心的事物)
的忠诚之间。

我已完全失败。
因为我没能完成任何象征,也许它只是全然的虚幻。
他们给了我徒弟的名份----
我从这个位置上消失在屋子背后的窗外。
我走向充满了巨大象征的乡村。
但那儿我只遇到草和树,
那儿也有一些人但他们就像是死了的。
我离开窗户,坐到椅中。我会想到什么?

我知道我将成为什么,这个不知我为何物的我?
我想成为什么都能如愿?但我想了那么多的东西!
有那么多人想着变成同一件东西但是它不可能容纳
那么多人!
做个天才吗?这个时刻
有十万个脑袋忙于梦见他们自己就是天才,像我一样,
而历史不屑一顾---谁知道?----哪怕就一个,
除了肥料,什么也不会留给未来如此多的战利品。
不,我不相信我自己……
所有疯人院已经关满了病人,他们有着
太多太多的确定性
而我,根本就没有一个确定性,我是更确定还是
更不确定?
不,我是不稳定的……
在这个世界上,在多少小阁楼,或不是小阁楼的
地方,难道这一刻那些自以为是的天才没在做梦?
有多少极端的,高贵的,清澈的热望---
不错,的确够极端,够高贵,也够清澈----
但谁知道是否能实现?-----
它们永远见不到真正的阳光,或永不抵达
人们的耳畔?
这世界是为那些生来就要征服它的人准备的,
而不是为了梦见他能征服它的人,即使没准他是对的。
我所梦见的远远多过拿破仑的表演。
我已往一个假设的胸腔里挤入了
比基督更多的慈爱,
我已把哲学置入秘密,连康德都不曾提及。

但我是,也许会永远是小阁楼里的人,
即使我并不住在那儿;
我将永远是那个生来不是为了那样的人;
我将永远是一个有质量的人;
我将永远是等待着他们在没有门的墙脚
为他打开一扇门的人,
在一个鸡窝里唱着有关无限的歌谣,
在一个带盖儿的井里听见上帝的声音。
相信我自己?不,还是信赖虚无吧。
让自然将它的阳光,她的雨水倾泻到
我只热的头颅上,让风触摸我的头发,
而那死者也许会前来如果它乐意,或者被迫
前来,或者不。
众星的心事重重的奴隶,
我们在起床前征服了整个世界;
但我们醒来而天是晦暗的,
我们起床而它是陌生的,
我们逃出屋子而它是完整的大地
加上太阳系,银河以及无限。

(吃点巧克力,小姑娘;
吃点巧克力!
看,除了巧克力,这世上没有玄妙。
看,所有的宗教训诲都比不上糖果。
吃吧,脏兮兮的小姑娘,吃吧!
如果我能像你一样因为同样的真理去吃巧克力就好了!
但我一边沉思,一边剥开它的叶状锡纸,
我把它全扔到地板上,就像我已抛弃了生命。)

但起码,从那永远不会造成的痛苦,留下了
飞快书写的这些诗篇----
柱廊开始朝向不可能。
但起码,我向自己口述了无泪的耻辱。
最起码,我用高贵的姿态扔掉了
我这件脏衣服--而不是布头?扔进事物的进程之中,
留在家里,连件衬衣都没有。

(你,你安慰,你并不存在所以你能安慰,
你要么就是被人当作雕像的希腊女神也许还活着,
要么是难以想象的既高贵又邪恶的罗马妇人,
要么是行吟诗人的公主,最优雅最漂亮的美人
或者是十八世纪的侯爵夫人,袒胸露肩却远不可及,
或者是某人父辈年代大名鼎鼎的高级娼妓,
或是什么摩登的玩意---我不甚清楚----,
不论是哪个,如果能给人灵感,来吧!
我的心灵是一个打翻的水桶。
像乞求精灵的人们乞求精灵一样
我乞求自我,乞求与虚无的相遇。
我走向窗户,看见了绝对清澈的大街:
我看见商店,我看见人行道,我看见流动的交通,
我看见穿衣服的生动的形象,他们的道路交叉,
我看见狗也存在着,
所有这些重重地压在我身上像一个流放的判决,
而这一切都是无关宏旨的,因为一切都无关宏旨。)

我生活过,钻研过,爱慕过,还信仰过,
而今没有一个乞丐不是我所羡慕的,就因为不是我。
我观察着每个人的褴褛衣衫和溃疡以及虚伪,
于是我想:也许你们从未活过,钻研过,爱慕过,
也没有信仰过
(因为什么也没做就等于真的做了那一切
也是有可能的);
也许你们几乎没有存在过,就像一只蜥蜴
被斩断了尾巴
一条失去了蜥蜴的尾巴,蠕动着。
我已经了解我自己从前我没有这个判断力。
从前我能够了解自己但我没有去了解。
我穿上的幻想之衣,不对,不是这件。
他们立刻认出了我,而那不是我,我没有揭穿
这一谎言,所以丧失了自我。
我试着取下面具,
它已和我的脸难解难分。
当我摘下它,去镜中凝视我自己,
我已经变得耄耋。
我喝醉了,徒然地想要钻进我尚未脱掉的衣服。
我丢下面具去寄存处睡觉
像一条被容忍的狗得到了妥善安排
因为他是无害的
而我在这儿,正要写这个故事,为了证明我是无与伦比的。

我的无用之诗的音乐的本质,
如果只有我能和你相遇,就像和属于我的东西相遇,
而不是永远呆在烟草店的对面,
踩在脚下的存在,
就像把醉汉绊倒的地毯
或者吉卜赛人偷来的一文不值的擦鞋棕垫。

但那个烟草店之神已经走向大门停在门廊上。
我瞅着他,歪着脑袋,内心不安,
连灵魂的认知也扭曲了,忐忑不安。
他将死去我将死去。
他会留下商店招牌,我会留下诗。
而在某个时期那招牌会死去,我的诗也一样。

在某个阶段之后那个悬挂过这个招牌的大街将要死去,
而语言已被写进诗歌。
再往后一切都在那儿发生的旋转的星球将要死灭。
在别的星系的卫星上某种像人的东西
将继续创造像诗歌和生活一样的东西
在那种像商店招牌的东西下边,
永远是一物面对另一物,
永远是一件事像另一件一样无用,
永远是不可能像真理一样愚蠢,
永远是在下方蔓延的神秘像表层昏睡的神秘一样确定,
永远是此事或永远是别的事物或既非此又非彼。

但一个男子已经走进烟草店(去买点烟草?)
巧舌如簧的现实已经突然降临于我。
我恢复了一半的精力,心悦诚服,通情达理,
下了决心去写这些诗篇,在诗中我说着矛盾。

在我谋篇构局之时,我点燃一根香烟,
我尝到了香烟释放的来自所有思想的滋味。
我追随这缕烟,它就像我自己的生命之轨迹,
欣赏着,一个神经过敏的合法的瞬间,
从所有的沉思中解脱出来
觉悟到形而上学是出自本性的感觉的结果。

然后我陷入我的椅子
继续抽烟。
只要命该如此,我就继续抽烟。

(如果我和我的洗衣工的女儿结婚
也许我会快乐。)
想到这点我从椅子上站起身来。我走到窗前。

那男子已经从烟草店里出来(把零钱
放进裤子口袋?)
呵,我认识他;那是斯蒂夫,他没有形而上学。
(烟草店之神已经来到门口。)
好象凭着非凡的直觉史蒂夫转过身来,看见了我。
他向我挥手致意,我也向他喊着
Adeus o Esteves,而既无理想又无
希望的宇宙已经重塑了我,而那个
烟草店之神露出了微笑。
Tout ce qui est vrai est démontrable.

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发表于 2006-10-31 17:51 | 只看该作者
我是虚幻。
永远不会成为任何事物。
也不情愿成为任何事物。
靠这种与众不同,我已将世界的大梦聚在我身上。


他做到了
我的存在,乃是所谓生命的一个永久的奇迹.
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发表于 2007-1-2 19:19 | 只看该作者

无限可能

我走向充满了巨大象征的乡村。
但那儿我只遇到草和树,
那儿也有一些人但他们就像是死了的。
我离开窗户,坐到椅中。我会想到什么?


有时人会感到周围的人无比陌生
和他们之间像有一堵不可逾越的墙
我们在这种感觉里迷失
找不到什么答案
又能找出什么答案?
大多数都这样问

你不忍打扰邻居,路人
甚至一朵花的开放
视己如宇宙一尘埃
如一只充气气球
升到很高的位置
却又幻化成天空一颗明亮的星
或者是另一个七彩世界?
上不取法于古,中不求肖于今,下不KAI传于后,不过自成一言,云所欲云而已。
                  ——李渔
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发表于 2008-3-5 22:38 | 只看该作者

葡语原版

Tabacaria
de Álvaro de Campos


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem
porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como
tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

15/01/1928
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发表于 2008-5-26 17:16 | 只看该作者
我个人觉得佩索阿的困境就在于————他不明白:蜗牛只是一株植物。
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发表于 2008-9-17 00:59 | 只看该作者
看了老半天没怎么感到好,觉得它东一榔头西一棒的,故意把话说拗口,说得玄乎
不过有些句子不错如在石头和生活下边有着事物的神秘,有着将墙壁浸湿和带给人白发的死亡
配索啊诗歌特性究竟在拿?他是不是在诗歌中提出自己哲学观点的原命题,然后绕来绕去自我剖析,但最后什么都没有?
莫失莫忘
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发表于 2008-9-17 12:33 | 只看该作者
是这样的,佩索阿这里什么都没有。有的只是清楚的虚无,如果你把虚无叫做“有”的话。
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一杆烟枪

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发表于 2008-9-17 19:49 | 只看该作者
看来佩同学的问题矛盾化的分割整合值得我去好好学习
莫失莫忘
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发表于 2008-9-17 20:30 | 只看该作者
佩索阿是那种无所不用其极的人,思维可以同时往两个极端前进,发疯也是发头脑清醒的疯,所以虚无也能写得很灿烂。这样的人,一般就叫 master……
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发表于 2008-12-9 11:59 | 只看该作者
哈,我发现还是能看懂一部分葡语,哈哈
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